quarta-feira, 30 de maio de 2012

AMOR, UMA TRADUÇÃO DE UM POEMA DE GEORGE HERBERT



Amor

O Amor deu-me boas vindas, porém retraiu-se
minha alma, em  pó e pecado eivada.
Mas o Amor, de olhar sagaz, observando-me
recuar àquela minha primeira entrada,
achegou-se de mim, suave, indagando
se algo me faltava.
“Um hóspede,” disse-lhe, “em mérito de entrar à vossa casa."
Falou o Amor, “Tu o serás.”
“Eu, o ingrato, o desamável? Ah, não sou digno
de a Vós erguer os olhos, meu amado.”
O Amor tomou minha mão e, sorrindo, retorquiu,
“Quem, senão eu, teria os olhos criado?
“Verdade, Senhor; mas eu os turvei; deixai minha desonra
tomar o rumo que lhe caiba.”
“Acaso não sabes”, diz o Amor,  “quem toda humana culpa assumiu?”
"Meu querido, serei de vossa mesa, assim, o servo."
“Deves sentar-te,” diz-me o Amor, “e de minha carne provar.”
Então sentei-me, e de sua carne provei.

(Poema de George Herbert, tradução de Fernando Campanella)

George Herbert, nascido no País de Gales, (1593-1633) foi um poeta, orador, e sacerdote anglicano. Escreveu poemas religiosos, caracterizados por precisão de linguagem, versatilidade métrica, e inventivo uso de metáforas. Insere-se na  Escola Metafísica de Poetas, expressão cunhada pelo crítico literário  Samuel Johnson para descrever um grupo de poetas ingleses  do século dezessete, cujos trabalhos primavam pelo uso de conceitos e pela especulação sobre temas como amor e religião. 
Considerado um expoente da literatura inglesa, sua poesia tem sido colocada em música por vários compositores, como Ralph Vaughan Williams, Lennox Berkeley, Benjamin Britten, Judith Weir, Randall Thompson, William Walton, e Patrick Larley. 
(Fonte: Wikipedia)

Love

LOVE bade me welcome; yet my soul drew back,
Guilty of dust and sin.
But quick-eyed Love, observing me grow slack
From my first entrance in,
Drew nearer to me, sweetly questioning 5
If I lack'd anything.
'A guest,' I answer'd, 'worthy to be here:'
Love said, 'You shall be he.'
'I, the unkind, ungrateful? Ah, my dear,
I cannot look on Thee.' 10
Love took my hand and smiling did reply,
'Who made the eyes but I?'
'Truth, Lord; but I have marr'd them: let my shame
Go where it doth deserve.'
'And know you not,' says Love, 'Who bore the blame?' 15
'My dear, then I will serve.'
'You must sit down,' says Love, 'and taste my meat.'
So I did sit and eat.
(George Herbert)
 






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