domingo, 22 de março de 2009

ALQUIMIA


Foto by A. Carlos Januário

Bom dia, minha jaqueta surrada,
reincorporo-te como a uma identidade, a um eu
imune aos ecos do mundo,a uma canção de amor
tão gasta, e ainda sempre,sempre, ressuscitada.

Bom dia, meu ninho, onde ao largo do dia
me deito, resvalo dos elos concêntricos
e disparo meus sonhos, em mais íntima revoada.

Retomo-te, minha outra natureza, e contigo escrevo,
adentro o reino dos meus velhos poetas -
meus alquimistas dos sonhos –
da realidade mais sutil, imaginária.

Bom dia, meus sóis com chuvas,
meu arco, meu ouro, meu pote de luz
- claras núpcias de minhas raposas e viúvas.

Fernando Campanella